sexta-feira, 24 de junho de 2011

Uma introdução ao "Barroco"..

    "Grandes nações escrevem suas autobiografias em três manuscritos, o livro de seus feitos de suas memórias e o livro de sua arte. Nenhum desses pode ser compreendido a não ser que leiamos os outros dois, mas, dos três, o único digno de confiança é o último." John Ruskin".




  




O barroco  se caracteriza pelo estilo rebuscado e pelo emprego excessivo de ornamentos. Na música, o termo é indicado para designar o período que vai do aparecimento da ópera (“Orfeo”, de Monteverdi, 1607) e do oratório até a morte de J.S. Bach (1750).
A música barroca retrata um pouco o acolhimento das dissonâncias, instabilidades, além de elementos musicais heterogêneos e contrastantes
 O que se pode perceber nos primórdios da música barroca é que existiam intenções e idéias novas, havendo, pois, uma discrepância entre intenção e os recursos musicais da época.
.  Contudo, já em meados do século XVII  estavam consolidados novos recursos de harmonia, colorido e forma, possibilitando aos compositores exprimirem mais adequadamente suas idéias.

A principio (antes do século XVIII) tanto na Italia como na Fança e na Alemanha não existia musica especifica para cada instrumento, a escrita para as vozes instrumentais era parecida com a dos cantores, ou seja, os instrumentos repetiam o som emitido pela voz humana.
Então surge no inicio do século XVII, o estilo representativo (madrigais e óperas de Monteverdi).O estilo recitativo era encontrado na maior parte dos gêneros musicais e almejava sempre que a música se aproximasse ao máximo da palavra falada e da eloquência do orador, resultando em uma expressão vocal perfeitamente capaz e apropriada às emoções, sendo capaz de traduzir os sentimentos, utilizando um estilo melódico declamatório que aproximou-se da monodia grega, recusando o ideal polifônico com a tentativa do retorno à "expressão natural dos sentimentos". 
 Entretanto, com o decorrer do tempo, a música barroca foi desenvolvendo uma linguagem própria, criando seu código próprio, encontrando uma série de figuras musicais e fórmulas melódico-ritmicas aptas para expressar os diferentes tipos de paixões, de emoções ou sentimentos, tornando-se cada vez mais simbólica, particularmente com Bach mais tarde.
O que resultou em um terreno fértil, sobre o qual  

O estilo resultante foi um terreno fértil, sobre o qual desenvolveu-se  a música barroca para teclado.
Houve um uso contínuo de muitas formas originadas na Itália ( toccata, o ricercare e a canzone). A música italiana influenciou principalmente através das composições de Merulo e Frescobaldi.
A influência francesa foi sentida não apenas pelo grupo de compositores da Áustria e sul da Alemanha, mas também por um grupo centrado em Nuremberg, Stuttgart, Halle e cidades menores da Alemanha Central. Veio da França o conceito da suite de danças como uma forma unificada e o caráter de cada um de seus movimentos. Outros elementos estilísticos de Lully e de outros cravistas podem ser observados, como o uso ocasional de ornamentos floridos, o uso de conceitos programáticos e uma propensão à clareza e refinamento.

Uma terceira e importante influência deve ser mencionada. Veio do norte da Europa, mais especificamente de Sweelinck e seus alunos, particularmente Samuel Scheidt. Essa influência combinava a vivacidade e exatidão da escola italiana com a inventividade e variedade dos virginalistas ingleses. Essas características emergiram na Alemanha no séc. XVII, como as técnicas e estilos expressivos empregados na variação coral, na toccata e na fuga.
A emergência de formas do barroco alemão apresenta um quadro complexo. Freqüentemente, vários nomes eram utilizados para designar composições que são basicamente do mesmo tipo. Além disso, vários nomes que eram associados a um tipo de composição começaram a se referir a músicas com diferentes características. Novas designações começaram a aparecer, como no caso das sonatas, e velhos tipos, levemente alterados, receberam novos nomes, como a fuga, por exemplo.
A toccata continuou a ser uma peça de 3 a 5 seções, tendo sido herdadas de Merulo e Frescobaldi. No norte da Alemanha, compositores como Buxtehude começaram a desenvolver um conceito mais amplo da toccata, usando seções mais longas, figurações imaginativas, mudanças harmônicas e certos procedimentos calculados para produzir efeitos dramáticos. A fantasia não é mais uma peça de caráter estritamente imitativo, se tornando quase indistinguível da toccata. O prelúdio e a fuga seguia o mesmo conceito que guiava as seções alternadas da toccata, onde uma composição altamente imitativa era seguida por uma de relativa liberdade.
Os diversos tipos de variações existentes continuaram a ter importante papel. Podem ser encontradas variações sobre uma melodia simples, uma ária popular, ou sobre uma das melodias padronizadas como romanesca, ruggiero ou passamezzo moderne. Estas variações freqüentemente eram chamadas de partita. Outro tipo de variação era construído sobre um modelo de baixo recorrente e designado por um dos nomes: chaconne, passacaglia ou ground bass. Variações corais eram típicas da música para órgão, mas também eram encontradas ocasionalmente na literatura para cravo e clavicórdio, a maioria entre aquelas peças para teclado que não podem ser restritas a um único instrumento de teclado, como as variações corais que aparecem na Tablatura nova de Scheidt.
O conceito da suite de danças foi emprestado da França, mas a estabilização de seu formato se deu na Alemanha. A seqüência que hoje é associada a suite barroca é exemplificada mais claramente nas obras de J. S. Bach, como se segue:
(A) allemande
(C) courante
(S) sarabande
(O) opcional: minuet, bourrée, gavotte, polonaise, passapied, aire, etc.
(G) gigue
Antes de Bach, a organização dos movimentos era variada. Por exemplo, Johann Erasmus Kindermann usou apenas ACS, e Matthias Weckmann AGCS. Johann Jacob Froberger foi a figura mais importante antes de Bach, no desenvolvimento da suite de danças na Alemanha.
A sonata teve seu ponto de partida na Itália com a sonata di chiesa. O primeiro uso do termo sonata é atribuído a Adriano Banchieri (1567-1634) como um título de exemplos musicais, encontrado em um tratado que escreveu sobre a execução do órgão, L'organo suonarino (1605). O primeiro compositor alemão a usar o termo, como um movimento de uma suíte, foi Johann Heinrich Schmelzer (ca. 1623-1680).
 Johann Kuhnau (1660-1722) chamou 14 de suas peças de sonatas, adicionando a suas últimas peças com esse título projetos mais elaborados e elementos descritivos. As primeiras sonatas contêm de três a seis movimentos contrastantes, frequentemente organizados em uma sequência que alternava andamentos lentos e rápidos. O estilo tanto podia ser de uma canção como o de uma melodia contrapontística, com o baixo funcionando como um contínuo para duas partes superiores.